No dia 26 de abril de 1916, suicida-se no seu quarto num hotel em Paris Mário de Sá-Carneiro. Poeta breve, um dos maiores da nossa modernidade, também ficcionista de alguns dos mais originais contos da literatura portuguesa, com apenas 25 anos concretiza o que planeara e comunicara por carta ao seu amigo Fernando Pessoa.
Nascido num país pequeno, onde a inovação e o desenvolvimento chega com atraso em relação ao resto da Europa, a sua ânsia de estar na vanguarda do seu tempo leva-o a partir para Paris, a grande capital europeia das letras e da cultura, onde toma contacto com as grandes correntes estéticas e os autores de referência do seu tempo.
De regresso a Lisboa, é um dos fundadores da revista "Orpheu" que se torna o veículo de divulgação dos ideais do movimento modernista português. Atacada pela intelectualidade do tempo e incompreendida pelo público, a revista acaba após a publicação do segundo número.
Mário de Sá-Carneiro volta a Paris para, poucos meses depois, pôr termo à vida com vários frascos de arseniato de estricnina.
A sua biografia acaba por se refletir na sua obra. O tom confessional do eu que expõe em cada verso a sua história e o seu destino pessoal é a encenação do homem que explica o seu malogro final.
Cem anos depois, a obra permanece para ser lida e relida. É sempre bom voltar aos vultos maiores da nossa cultura e Mário de Sá-Carneiro tem aí o seu lugar.
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