segunda-feira, 18 de julho de 2016

Mário Dionísio

Nos afazeres diários, muitas coisas vão ficando para trás. A proximidade do final do ano letivo e tudo o que tal implica em burocracia leva-nos a deixar para trás outras coisas que, no momento, não parecem tão prioritárias. É o que acontece com o nosso blogue.
O final das aulas e uma diminuição das atividades não quotidianas da biblioteca levaram-nos, quase, a entrar de férias. Mas a pensar nas férias e numa maior disponibilidade de tempo para a leitura, sugerimos a descoberta de Mário Dionísio no ano em que se assinala o centenário do seu nascimento.

Mário Dionísio nasceu em Lisboa no dia 16 de Julho de 1916. Formou-se em Filologia Românica e foi professor no ensino secundário e no ensino superior. A sua atividade ligada às artes estende-se por várias áreas. Começou a destacar-se na atividade de crítico, colaborando com vários jornais e revistas. Interessa-se também pela pintura, que também exerceu ao longo da vida, tendo feito várias exposições do seu trabalho. Na literatura, desenvolve um trabalho não tão intenso como o de crítico mas que atingiu alguma notoriedade, hoje um pouco esquecida. É de salientar a sua poesia e a coletânea de contos O dia cinzento e outros contos, com algumas histórias admiráveis.
O autor vem a falecer em 1993. A sua figura e obra é o centro do trabalho da Casa da Achada em cujo sítio se pode encontrar informação mais detalhada sobre a vida e a obra.

Como motivação, aqui deixamos um pequeno poema. Fica também o retrato do autor feito por um grande pintor que é Júlio Pomar e um retrato de um outro grande poeta, José Gomes Ferreira, feito por Mário Dionísio.


Num pingo de verniz
o mundo inteiro cabe

O que se sabe e não se sabe
o que se diz e não diz
luz um momento só

que enquanto o brilho escorre
e se cobre de pó
o encanto desfaz-se
dir-se-ia que morre

Mas o que ali floresce
não mais se apaga ou esquece

E o que se diz e não se diz
o que se sabe e não sabe
na baça luz do verniz
enquanto morre renasce

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